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Arquitectura: e|348 Arquitectura
- Ano: 2012
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Fotografo:Courtesy of Ivo Tavares Studio
Descrição enviada pela equipe de projeto. A remodelação pretende atribuir ao espaço as condições necessárias em qualidade e conforto para ser utilizado para fins comerciais, especificamente para a instalação de uma farmácia – Farmácia Campos e Salvador Lda.
Trata-se de um tipo de espaço muito específico e altamente tipificado. De facto, a instalação de Farmácias tem seguido uma série de normas e de regras que, se por um lado respeitam disposições regulamentares próprias, por outro decorrem na sua maioria de uma espécie de “ditadura” promocional, de venda, associada aos produtos aí comercializados.
Esta especificidade origina, quase invariavelmente, espaços com características muito semelhantes, imagens muito próximas, linguagens pouco distintas. Acresce ainda o facto de existir um verdadeiro nicho no mercado da construção civil, dedicado única e exclusivamente à instalação de Farmácias. O facto de se tratar de empresas especializadas neste tipo de obra, contribui decisivamente para a sistematização e repetição de soluções.
O projecto de Arquitectura procurou, de acordo com a vontade dos proprietários, contrariar este predicado. O desenho realiza-se na direcção da identidade única e reconhecível, da clara demarcação deste espaço dos que lhe são congéneres. Do ponto de vista funcional, as disposições regulamentares definem o programa a instalar, pelo que se aposta numa distribuição clara, separando os espaços usados pelo público (sala de atendimento, gabinete de atendimento personalizado e instalações sanitárias), dos espaços internos ou retro-farmácia (armazém, laboratório, área técnica de informática e economato/direcção técnica, e zona de recolhimento).
A profundidade do espaço impede a iluminação natural de todos os espaços a partir das fenestrações verticais, pelo que, tirando partido de uma pré-existência, se dispõe uma entrada de luz zenital, em torno da qual todos os espaços se organizam.
A organização da retro-farmácia com recurso a um corredor, não só permite a disposição de uma circulação técnica, sem colidir com o funcionamento normal do estabelecimento, como também possibilita a disposição dos espaços na sua periferia, aproximando-os da luz zenital proposta.
Opta-se pela utilização de uma paleta de materiais reduzida, e sempre com características próprias dos imperativos de higiene e potencial difusão da luz natural. A madeira surge como elemento distinto e central da Farmácia, onde se apoiam a maioria dos expositores.
Os expositores são padronizados, pois trabalhou-se com empresa especializada e, portanto, com soluções tipificadas e sistematizadas. O desafio foi, nesta circunstância, mais elevado, pois havia que, recorrendo a soluções tipo, criar um espaço único. O projecto de Arquitectura foi assim o grande responsável por demonstrar que esta possibilidade existe e que, sem aumento de encargos, se alcançam resultados ímpares, e capazes de resistir à já referida “ditadura” da publicidade a que estes espaços estão naturalmente sujeitos.